quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

ALIADO MAIS QUE FIEL, KASSAB GANHA PESO E FORÇA

Nenhum outro aliado da presidente Dilma Rousseff experimentou tantas tentações para traí-la como o ex-prefeito e futuro ministro das Cidades Gilberto Kassab. Durante a campanha eleitoral em São Paulo, ele manteve seu nome na corrida para o governo do Estado mesmo sob fortes pressões para aderir ao PMDB e, especialmente, ao PSDB. Caso tivesse escutado o canto dessas sereias, Kassab iria prejudicar diretamente o então candidato do PT Alexandre Padilha e restringiria ainda mais o espaço político da campanha de Dilma no maior eleitorado do País. Mas ele se manteve fiel, ou melhor, mais que fiel: ficou onde estava e, agora, nomeado ministro das Cidades, assume uma nova qualidade.
Pelos resultados finais da eleição paulista, com vitória do tucano Geraldo Alckmin em primeiro turno e eleição do ex-governador José Serra para o Senado, pode parecer que inércia do ex-prefeito foi inútil, mas não é bem assim. A adesão dele ao carro-chefe da oposição, àquela altura, na fase de definição de alianças, iria não apenas fortalecer o PSDB paulista como reforçar sobremaneira a oposição no plano nacional. O PSD, com Kassab voltando às suas origens de convidado ao ninho tucano, como ocorria quando era vice-prefeito de Serra, ficaria a um passo de engrossar com sua sabe de dois governadores e centenas de prefeitos e parlamentares a caravana de Aécio Neves. E mais que isso. A manobra para capturar Kassab embutia o risco maior, para Dilma, de tornar Henrique Meirelles, ex-presidente do BC do governo Lula, candidato a vice do próprio Aécio. O candidato tucano fez o convite pessoalmente, mas a mudança foi barrada à última hora. Hoje, sabe-se que, consumado aquele movimento, o resultado da eleição dificilmente não seria outro.
A presidente Dilma mostrou na terça-feira 23, com a inclusão de Kassab na primeira lista de 13 novos ministros, que é a primeira a reconhecer a importância política dele e de seu partido. Quando chegou o momento, na escolha do primeiro escalão  para o segundo mandato, de confirmar sua parte no acordo, ela foi igualmente leal.
Com a experiência de ter sido prefeito da maior cidade do País por seis anos, Kassab conhece as demandas dos grandes municípios por obras viárias e de escoamento. Em sua candidatura a governador, neste ano, percorreu os municípios paulistas de modo organizado, registrando, como o apoio da vice Alda Marco Antônio, tudo os que as cidades e regiões do interior paulista precisam, de acordo com lideranças locais. Esse levantamento será muito útil para Kassab nas novas funções.
No campo político, o ex-presidente será de grande valia para recompor o apoio do centro político à Dilma, no Congresso. Chefe da terceira maior bancada, o novo ministro é conhecido como um craque nos bastidores da política. Ele sem dúvida exercerá papel estratégico em votações decisivas para o governo.
Pessoalmente, Kassab ganha mais poderes para desenvolver sua nova jogada política: a criação do Partido Liberal. Ele constituiria, com ele, mais uma agremiação centrista, destinada a fazer o jogo da influência no meio do tabuleiro, ao lado de seu co-irmão PSD. Kassab fez um jogo político arriscado este ano, mas venceu sua parada. Brasil 247

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