Qual é a sua opinião da economia sob os governos do PT?Eu acho que o Partido dos Trabalhadores fez um ótimo governo do ponto de vista social, mas poderia fazer mais. E sinceramente não entendo o pessimismo econômico de algumas pessoas com mais um governo de Dilma. Criticam os eleitores mais pobres por terem votado após receber benefícios estatais. Eu acho justo votar em Dilma Rousseff por receber o Bolsa Família e não vejo, sinceramente, nenhum problema nisso, assim como outras pessoas preferem outros candidatos. Mas parece algo das pessoas aqui de São Paulo, enquanto outras regiões, como o norte e o nordeste, pensam de maneira diferente. DCM
O estranho dia em que Lobão “mediou” um debate sobre jornalismo
Estive presente ao debate “A Opinião na Era do Anonimato Digital”, realizado na terça-feira (18) durante o Mídia.JOR, evento do grupo Imprensa Editorial. De um lado estava André Forastieri, diretor de Nova Negócios do Portal R7, e do outro estava Matheus Pichonelli, colunista da Carta Capital. E quem estava como mediador da discussão? Lobão.
Por que raios convidaram Lobão para uma palestra sobre jornalismo?
Perguntei ao grupo Imprensa o motivo. De acordo com um representante, Lobão foi escolhido por conta de suas participações como mediador na MTV. Isso explica em parte a presença dele ali, mas não totalmente.
Apesar de Lobão ser colunista da Veja, ele não tem a menor ideia sobre apuração jornalística, sobre textos opinativos, nada. A empresa também explicou que ele não recebeu cachê, um motivo a menos para falar sobre um assunto que não domina. Ou seja, foi para aparecer.
Isto posto, Lobão desfilou o tradicional festival de barbaridades conceituais.
“Eu me considero um provocador. Quanto mais a pessoa fica puta com o que eu escrevo, mais eu fico feliz”.
“Comunismo é como uma monarquia. Você vê o caso da Coreia do Norte? Eles são como monarcas”.
“O brasileiro tem uma cultura macunaímica, rebolada, vagabunda”.
Essas foram só algumas. Ele deixou rapidamente de ser o mediador e resolveu apostar em seus clichês. Foro de São Paulo foi um alvo comum, “fundado pelo PT para a bolivarianização”, segundo o próprio.
O jornalista André Forastieri fez um aparte. “O Foro de São Paulo está mesmo aí, mas temos também o Instituto Millenium, que faz o que faz. E também ninguém reclama”.
Lobão não disse uma palavra sobre o Instituto Millenium. Prefere sua fala ensaiada contra o PT.
Forastieri acrescentou: “Acho importante o papel de polemistas hoje, porque as coisas são muito semelhantes, como o caso de partidos como o PT e o PSDB. Os polemistas fazem construções para ressaltar as diferenças”.
Lobão animou-se com esse discurso. Forastieri ainda fez uma crítica: “Mas eu acho curioso, Lobão, que nestes últimos 20 anos os brasileiros pobres mudaram de vida. As classes D e E subiram, enquanto a classe A virou AAA. No entanto, quem sofreu neste processo foi a classe média. Essas pessoas, talvez, achem melhor viver fora do Brasil. Você acaba sendo a voz da classe média sofre, Lobão”.
Matheus Pichonelli reclamou sobre o teor das discussões durante as eleições, associando-as a brigas no trânsito. Forastieri discordou do colunista da Carta Capital, enquanto Lobão se manteve neutro. “Conflito de ideias nunca será bem feito ou perfeito. Você já ouviu a opinião de um novaiorquino sobre americanos da região central? Eles o chamam de rednecks”, concluiu o diretor do R7.
O último assunto tratado no debate foram os recentes protestos pedindo o impechment da presidente Dilma. Lobão jura de pé junto que nunca defendeu intervenção militar. “Se tiver golpe militar, vocês vão transformar o PT em vítima por mais 50 anos. Isso só vai fortalecer o partido. Vai ser aquela coisa caminhando e cantando e seguindo a canção”, disse o músico.
Aproveitei a oportunidade para fazer uma pergunta ao Lobo. “Sou jornalista e fui agredido verbalmente no primeiro protesto pelo impeachment. Disseram que eu deveria temer pela minha integridade física. O que você pensa sobre isso?”, perguntei.
“Acho que tudo isso enfraquece o movimento. Só fiquei sabendo de atritos com petistas no final do protesto, mas não soube de agressões deste tipo”, respondeu Lobão.
Depois de se mostrar compreensivo comigo, ele imediatamente começou sua longa-lenga. “Minha meta é tirar esse partido do poder. Isso está destruindo minhas amizades. Tinha um baita relacionamento com produtores e até com a Barbara Gancia. Eles eram queridos e hoje falam absurdos sobre mim. Tem que botar a Dilma e o Lula na cadeia”, disse.
Forastieri fez uma última pergunta: “Se o impeachment ocorrer, quem chegar deve ir para a presidência é o Michel Temer. Isso é o certo?”
“Pra mim o PMDB pode surpreender mais positivamente do que o PT no poder. Então, que venha o PMDB!”, completou Lobão, agora peemedebista de carteirinha.